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Alunos da Escola Angélica Costa têm aula em tempo integral
Data: 13/09/2015
Há sete meses, a vida de 150 estudantes da Escola de Educação Básica Angélica Costa, no bairro Margem Esquerda, mudou radicalmente. Até o fim do ano passado, enquanto esperavam a construção da nova escola pela empresa Bunge, elas tinham aulas em locais improvisados, como o Centro Comunitário São Sebastião e salas de aula da escola Norma Mônica Sabel. Desde fevereiro deste ano, porém, elas passaram a estudar na nova sede da Angélica Costa e, mais do que isso, estão conhecendo a experiência de estudar em período integral.
Dos 247 alunos matriculados, 150 estudam no regime de ensino integral, que vai das 7h30 às 16h30. Os demais ainda frequentam o chamado horário regular, das 7h30 às 11h30 ou das 13h às 17h. Além das disciplinas tradicionais vistas em sala de aula, os estudantes participam ao longo da semana de oito oficinas, com atividades como dança, xadrez, informática e teatro. Para isso, os alunos são divididos em três grupos, de acordo com a idade e as séries que frequentam - a escola atende alunos do 1º ao 5º ano.
A avaliação desses sete primeiros meses é bastante positiva para a diretora da escola, Nilsa Gertrudes Sabel, e para a equipe da Secretaria de Educação. “Todas as atividades têm acompanhamento pedagógico e são voltadas à melhoria da atividade motora, da expressão corporal e da integração social. Nesse período inicial, os pais, a equipe da escola e também nós da secretaria já percebemos melhora no comportamento e no desenvolvimento das crianças”, conta a diretora-geral da Secretaria de Educação, Rosângela Elias.
Reforço de conteúdos
As oficinas não se limitam aos conteúdos básicos, mas procuram reforçar matérias vistas com as professoras de sala de aula. Um exemplo é a oficina de artesanato. Na primeira semana de setembro, temas como Independência do Brasil, colonização e folclore serviram como pano de fundo para a professora Edir Bittencourt propor a confecção de bonecas feitas com tranças. Além de estimular a criatividade e a coordenação, o trabalho também é intercalado com lições de matemática e história.

Xadrez e dança caem no gosto dos alunos
Entre as oficinas praticadas pelos alunos do ensino integral e que ajudam a fortalecer a formação em comparação com o currículo do ensino regular está a de xadrez. Comandado pelo professor Jan Paulo Weickert, os pequenos aprendem a história do jogo, as funções de cada peça e também conteúdos relacionados com o que é trabalho em sala de aula, como matemática. “A aula de xadrez é uma das minhas favoritas, principalmente quando podemos jogar”, conta Cleiton dos Santos Ferreira, 9 anos, aluno do 3º ano.
Já o estudante do 4º ano, Douglas Eduardo Fernandes, 10 anos, cita a oficina de dança como uma das suas prediletas. O trabalho demonstra na teoria e na prática conceitos de estilos de danças e coreografias. Segundo o professor Magno de Souza, 26 anos, as aulas melhoram a coordenação, diminuem a timidez e têm ampla participação dos alunos, o que nem sempre ocorre em outras escolas, que contam apenas com oficinas no contraturno escolar. “Os alunos dessa escola têm muito talento para a dança, é algo natural deles e que fica muito perceptível nas aulas. Quando trabalhamos assim, desde cedo, eles ficam com mais facilidade de assimilar tudo e futuramente tendem a ter um desempenho bem melhor do que se só viessem a ter contato com a dança depois de mais velhos”, explica o professor.

Opção será por oficinas no contraturno
Com a primeira experiência da cidade de ensino integral recebendo avaliações positivas de alunos, pais e profissionais da educação, surge naturalmente a pergunta de quando esse formato será levado às demais escolas do município. No entanto, essa ampliação do número de escolas com aulas em tempo integral ainda deve demorar a ocorrer.
A secretária de Educação, Marlene Almeida, conta que o município pretende investir em mais tempo de aula nas escolas a partir do próximo ano, mas não no formato de ensino integral, e sim com as chamadas atividades complementares. Nesse sistema, os alunos não ficam no educandário no período de meio-dia, mas contam com oficinas e atividades no contraturno escolar.
“Hoje já existem oficinas de violão, dança e capoeiras na maioria das unidades. O que vamos fazer é expandir esse trabalho em pelo menos três escolas da rede municipal, com mais opções de oficinas e atividades pelo menos quatro vezes por semana”, conta a secretária.
Segundo ela, a escolha pelas atividades complementares e não pelo ensino integral se deve à necessidade de mais profissionais e de espaço físico para que as crianças almocem e permaneçam na escola no horário do meio-dia, além dos custos com alimentação, quer seriam elevados e em horários semelhantes ao que acontece nas creches. “Aqui na Angélica Costa temos o fator BR-470, que dificulta o deslocamento das crianças para elas irem para casa e depois retornarem. Mas nas demais escolas devemos optar pelas atividades complementares, até mesmo para respeitar o horário em que os pais têm que estar com seus filhos, que é o horário do meio-dia”, argumenta.

Frequência é preocupação
Apesar de defender o modelo, Marlene reconhece nesse formato nem sempre as crianças comparecem em peso às oficinas. “Com certeza ele exige mais motivação para que os alunos retornem à escola depois de irem para casa, mas por isso vamos escolher atividades que eles realmente gostem. E também teremos controle sobre a frequência de cada aluno às atividades”, assegura.
Como não existe uma definição única de ensino integral no país, tanto a permanência das crianças na escola durante todo o dia quanto o formato de atividades complementares são considerados tempo integral e atendem às metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação.

Aninha Pamplona Rosa terá reforço em oficinas
Uma das três escolas que receberão reforço nas oficinas a partir do ano que vem será a escola Aninha Pamplona Rosa, no bairro Gaspar Mirim. Entre os motivos está a existência do Centro de Artes e Esportes Unificados, CEU, espaço que deverá ser aproveitado para as práticas esportivas e culturais dos alunos no contraturno escolar. “As demais escolas serão escolhidas com base em uma série de critérios, inclusive a possibilidade de aproveitar outros espaços além da escola”, frisa Marlene.
Plano Nacional de Educação prevê ensino integral em 50% das escolas até 2024
O Plano Nacional de Educação, PNE, aprovado no ano passado, estipula como meta que até 2024 a educação em tempo integral deverá alcançar pelo menos 50% das unidades escolares ou 25% das matrículas da educação básica na rede pública de ensino no Brasil. Por intermédio do programa Mais Educação, o governo federal repassa recursos diretamente para escolas que pretendem implantar o ensino em tempo integral. Até 2011, segundo lista do portal Mais Educação, o programa mantinha parceria com 14.995 escolas de todo o país e 128 de Santa Catarina – nenhuma de Gaspar.
Em Gaspar, até agosto deste ano, somando o ensino infantil e o fundamental em escolas e creches, 1.633 alunos frequentavam as unidades em período integral, o que representa 22,4% do total de 7.287 alunos.
Além do Plano Nacional, o Plano Municipal de Educação, aprovado em junho deste ano, também prevê a implantação de ensino integral como uma das metas, a serem alcançadas com estratégias como preparação das escolas e participação de programas federais.
Edição: 1715
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